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PETRÓLEO TEVE DESACELERAÇÃO EM SUA DEMANDA NO ANO DE 2024 E PERDE PARTICIPAÇÃO NA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL u6b3r

FPSOO crescimento da demanda global por petróleo desacelerou significativamente em 2024, com o consumo aumentando apenas 0,8% (1,5 EJ ou 830 mil barris por dia), atingindo 193 EJ, após um salto de 1,9% em 2023. O dado faz parte de um novo estudo apresentado no início desta semana pela Agência Internacional de Energia (AIE).  Pela primeira vez na história, a participação do petróleo na demanda total de energia caiu para menos de 30%, cinquenta anos após atingir seu pico de 46%.

Em 2024, os insumos petroquímicos e a aviação foram responsáveis por cerca de metade do crescimento da demanda por petróleo em termos energéticos (em termos volumétricos, a participação dos insumos petroquímicos foi ainda maior, cerca de 70%). Após uma forte recuperação com o fim dos lockdowns da Covid-19, o crescimento do consumo de petróleo no setor de transporte rodoviário desacelerou consideravelmente nos últimos anos. Desde 2022, esse setor contribuiu com apenas 5% do crescimento da demanda global por petróleo em termos energéticos.

Apesar da desaceleração, o consumo global de petróleo em 2024 foi 1,3% superior ao nível de 2019. Esse crescimento, porém, foi quase inteiramente impulsionado pela demanda por insumos petroquímicos, que subiu mais de 12% nos últimos cinco anos. A maior parte desse crescimento ocorreu na China, onde o consumo de insumos petroquímicos aumentou mais do que o crescimento líquido total da demanda mundial de petróleo.

fundo-plataforma-petroleo-gas-SergipeJá o uso de petróleo para transporte rodoviário, aviação e navegação permaneceu praticamente estável em relação a 2019, apesar de um crescimento acumulado do PIB global de cerca de 14% no período de cinco anos. Esse dado destaca o impacto de fatores como a adoção de veículos elétricos, melhorias na eficiência energética e o aumento do trabalho remoto.

A demanda por biocombustíveis líquidos aumentou 0,2 EJ em 2024 em relação a 2023, alcançando mais de 4% do consumo global de combustíveis para transporte. Brasil, Índia, Indonésia e Estados Unidos representaram 90% desse crescimento. O Brasil, sozinho, respondeu por quase metade da expansão, impulsionado por políticas de incentivo à mistura de biocombustíveis e pelo aumento da demanda por combustíveis de transporte.

Nos Estados Unidos, que contribuíram com 20% do crescimento global, a alta foi sustentada por medidas federais e estaduais. Índia e Indonésia, juntas, representaram mais 20% do crescimento, refletindo mandatos de mistura mais elevados e o aumento do consumo de combustíveis.

Demanda por petróleo nos principais mercados

eua-petroleoNos países desenvolvidos, a demanda por petróleo ficou praticamente estável em 2024, caindo apenas 0,1%, em comparação com a redução de 0,7% em 2023. No entanto, a demanda permaneceu 5,4% abaixo dos níveis de 2019. A maior parte dessa queda ocorreu no consumo de combustíveis rodoviários, devido a padrões de eficiência mais rígidos, ao aumento da participação de veículos elétricos e ao trabalho remoto, que compensaram o crescimento econômico modesto.

Nos Estados Unidos, a demanda por petróleo ficou estável em 2024, após um leve aumento em 2023. O consumo ainda é 4,3% inferior ao de 2019, com o uso não relacionado a petroquímicos caindo 7%, enquanto a demanda por insumos petroquímicos aumentou quase 18%. O trabalho remoto teve um impacto particularmente forte no consumo de gasolina nos EUA, devido à grande dependência do transporte rodoviário pelos trabalhadores.

Na União Europeia e no Japão, o consumo de combustíveis para transporte também foi limitado por fatores semelhantes. No caso da UE, a demanda de petróleo em 2024 ficou 7% abaixo do nível de 2019, enquanto no Japão a queda foi ainda maior, 11,8% inferior ao período pré-pandemia, após um recuo de 4,4% apenas em 2024.

bandeira_do_Brasil_na_Plataforma_P-26_na_Bacia_de_CamposJá na África e na América Latina, o crescimento da demanda em 2023 e 2024 foi muito desigual. A combinação de preços elevados do petróleo e um dólar forte criou desafios para os países importadores. Em várias economias emergentes, houve disrupções significativas no consumo de combustíveis, muitas vezes ligadas a dificuldades econômicas mais amplas – como na Argentina e no Sri Lanka – ou ao fim de subsídios governamentais, como no Egito, Nigéria e Paquistão. Como resultado, a demanda por petróleo caiu na África em 2023 e 2024, enquanto na América Latina, o crescimento foi quase totalmente impulsionado pelo Brasil.

Em 2023, a China registrou um crescimento recorde da demanda por petróleo, 1,4 milhão de barris por dia (mb/d), impulsionado pelo fim dos lockdowns, pelo aumento da mobilidade e pela demanda reprimida por viagens aéreas. No entanto, em 2024, o crescimento fora do setor petroquímico estagnou.

Nos demais mercados emergentes da Ásia, a demanda por combustíveis continua crescendo. A Índia (+3,4%) foi o maior motor global do crescimento da demanda por petróleo em 2024, enquanto a Ásia do Sudeste (+2,6%) também registrou um aumento significativo. O crescimento econômico dinâmico da Índia, aliado à urbanização e ao aumento da posse de automóveis, elevou a demanda por petróleo em 11,6% acima dos níveis de 2019. O consumo de gasolina na Índia cresceu impressionantes 41,7% (+310 mil barris por dia) entre 2019 e 2024.

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