ESTUDO DO CENTRO NACIONAL DE PESQUISA EM ENERGIA E MATERIAS DETALHA POTENCIAL DO BRASIL NA PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO VERDE 5h1k56
Um novo estudo recém-publicado pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) traz detalhes sobre o potencial do Brasil na produção hidrogênio verde. O trabalho foi publicado pela revista científica Applied Energy, disponível neste link, e destacou que o país tem condições privilegiadas para garantir a integridade ambiental da produção de hidrogênio verde. Isso se deve às características da rede elétrica brasileira – com cerca de 90% de fontes renováveis e uma grande capacidades de armazenamento de energia por meio de hidrelétricas.
“A realidade brasileira é muito diferente de países que ainda dependem fortemente de combustíveis fósseis na matriz elétrica. Aqui a energia renovável predomina e a fóssil é residual. O Sistema Interligado Nacional integra o Brasil de norte a sul e aproveita as complementaridades entre as fontes renováveis. Além disso, os reservatórios hidrelétricos funcionam como gigantescas baterias do sistema. Isso nos permite pensar em regras de temporalidade diferenciadas, sem comprometer a integridade ambiental”, afirmou o pesquisador Carlos Driemeier, que liderou o estudo.
O hidrogênio verde é produzido por meio da eletrólise da água, técnica que utiliza eletricidade para separar o hidrogênio do oxigênio. Quando essa eletricidade é gerada a partir de fontes renováveis — como solar, eólica ou hidrelétrica —, o combustível obtido tem baixa emissão de carbono e a a ser classificado como hidrogênio verde. Considerado uma das soluções mais promissoras para a transição energética, ele pode ser usado em setores de difícil descarbonização, como transporte de longa distância, siderurgia e indústria química.
De acordo com as normas internacionais, o hidrogênio verde deve ser produzido exatamente nos mesmos horários em que há geração de energia renovável. Essa exigência, chamada de “matching horário”, garante que o processo não provoque emissões indiretas de carbono em outras partes da rede elétrica.
“Mesmo considerando as emissões de construção da turbina eólica, da infraestrutura de transmissão de energia e da planta de eletrólise, o hidrogênio produzido com energia eólica emitiria cerca de 1 quilograma de CO₂ equivalente para cada quilograma de hidrogênio, contra cerca de 11 quilogramas de CO₂ equivalente para cada quilograma de hidrogênio no processo tradicional com reforma do gás natural”, diz o pesquisador Mateus Chagas (foto ao lado), coautor do estudo.
O artigo também aponta que as longas distâncias de transmissão de energia no Brasil não comprometem a baixa pegada de carbono do hidrogênio. Os dados mostram que o impacto nas emissões é mínimo, o que viabiliza a produção de hidrogênio de baixo carbono mesmo em polos industriais distantes das fontes renováveis.
Em uma próxima fase, os pesquisadores vão estimar os ganhos econômicos da produção de hidrogênio, levando em conta as características da rede elétrica brasileira. A expectativa é que o país possa, no futuro, oferecer hidrogênio de baixo carbono a preços competitivos tanto no mercado interno quanto no exterior.
O CNPEM compõe um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Organização social supervisionada pelo MCTI, o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no Brasil, o CNPEM desenvolve o Projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. As atividades técnico-científicas do CNPEM são executadas pelos Laboratórios Nacionais de Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além da Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).
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Esses projetos devem ar por uma análise de risco em todas as suas fases visto que o hidrogênio eh verde por questões ambientais, mas apresenta os seus risco inerentes. Ampla faixa de inflamabilidade e explosivo.